martes, 23 de junio de 2009

Chimarrão [2]















Amargo doce que
eu sorvo
Num beijo em lábios de prata.
Tens o perfume da mata
Molhada pelo sereno.
E a cuia, seio moreno,
Que passa de mão em mão
Traduz, no meu chimarrão,
Em sua simplicidade,
A velha hospitalidade
Da gente do meu rincão.

Trazes à minha lembrança,
Neste teu sabor selvagem,
A mística beberagem,
Do feiticeiro charrua,
E o perfil da lança nua,
Encravada na coxilha,
Apontando firme a trilha,
Por onde rolou a história,
Empoeirada de glórias,
De tradição farroupilha.

Em teus últimos arrancos,
Ao ronco do teu findar,
Ouço um potro a corcovear,
Na imensidão deste pampa,
E em minha mente se estampa,
Reboando nos confins ,
A voz febril dos clarins,
Repinicando: "Avançar"!
E então eu fico a pensar,
Apertando o lábio, assim,
Que o amargo está no fim,
E a seiva forte que eu sinto,
É o sangue de trinta e cinco,
Que volta verde pra mim.

Poema de Glaucus Saraiva.

3 comentarios:

Unknown dijo...

Qué cosa más linda Felipe!!

¿A qué se refiere con la sangre de treinta y cinco?
Un abrazo

Felipe Martini dijo...

la sangre de 1835, año de la Revolução Farroupilha, o Guerra dos Farrapos.

y en el 1836 vino la República Rio-Grandense, que duró 9 años y fue reconocida por dos países: Argentina y Uruguay.

Felipe Martini dijo...

otro abrazo