lunes, 29 de diciembre de 2008

O Analista de Bagé


Certas cidades não conseguem se livrar da reputação injusta que, por alguma razão, possuem. Algumas das pessoas mais sensíveis e menos grossas que eu conheço vem de Bagé, assim como algumas das menos afetadas são de Pelotas. Mas não adianta. Estas histórias do psicanalista de Bagé são provavelmente apócrifas (como diria o próprio analista de Bagé, história apócrifa é mentira bem educada) mas, pensando bem, ele não poderia vir de outro lugar.


Pues, diz que o divã no consultório do analista de Bagé é forrado com um pelego. Ele recebe os pacientes de bombacha e pé no chão.

— Buenas. Vá entrando e se abanque, índio velho.

— O senhor quer que eu deite logo no divã?

— Bom, se o amigo quiser dançar uma marca, antes, esteja a gosto. Mas eu prefiro ver o vivente estendido e charlando que nem china da fronteira, pra não perder tempo nem dinheiro.

— Certo, certo. Eu...

— Aceita um mate?

— Um quê? Ah, não. Obrigado.

— Pos desembucha.

— Antes, eu queria saber. O senhor é freudiano?

— Sou e sustento. Mais ortodoxo que reclame de xarope.

— Certo. Bem. Acho que o meu problema é com a minha mãe

— Outro.

— Outro?

— Complexo de Édipo. Dá mais que pereba em moleque.

— E o senhor acha...

— Eu acho uma pôca vergonha.

— Mas...

— Vai te metê na zona e deixa a velha em paz, tchê!


Luis Fernando Verissimo.

3 comentarios:

Felipe Martini dijo...

los abrazos y saludos de siempre, señora.

=]

Mateína dijo...

Felipe:
casi publicamos al mismo tiempo, ja, ja, ja, así que Juceca se me entreveró con Verissimo.

Me encantó tu cuento.

Abrazos materos, joven :)

PD)¿se puede saber cómo va tu vida?

Fernando Terreno dijo...

Queremos más historias del analista de bombachas y alpargatas...
Y hablando de alpargatas, ¿alguno de ustedes dos tiene la "Oda a la alpargata"?
Me alegro que Felipe haya dejado de dirigir a Portugal y vuelva a escribir en Mateleo.
Buen año.
Fernando