…...........Já os peões apertam sobre a mangueira. Eu bato as palmas e corro, entusiasmado, para ajudar.
A recolhida vai entrar; nisto os dois machos volvem a cabeça para o campo, trocando a orelha, farejando alto.
- Vão disparar! Ataca!...
Não vê!... Um dos campeiros já está de laço armado, outro balanceia as boleadeiras, pronto para o repente...
- Orah! Orah! Orah!...
E entrou na encerra a soberba animalada.
Correm-se as varas da porteira; serena o tropel; os animais companheiros procuram-se; todos estavam molhados até os encontros; uns sacodem-se com violencia ou cheiram o chão, refolhando, e rebocam-se na terra revolvida e fresca; cruzam-se relinchos, coices, dentadas. Quase todas as cabeças, espantadas e curiosas, estão voltadas para a porteira; e na respiração ofegante e forte as ventas expelem rolos de vapor, do bafo; parece que os animais pitaram e estão atirando a fumaça dos cigarros!
O capataz, que tem se aproximado dá as suas ordens à peonada, que retira-se.
E voltando para mim:
- Eh! amigo! Tens muito serviço de campo, agora?
Não sei porque, mas no meio do meu contentamento - foi como um corisco! - de repente lembrei-me do colégio, do Mestrinho, da festa das bandeiras... E suspirei.
- Ah! seu Juca! disse. Que bom que eu fosse peão da estância... campeiro, domador!... Só assim não iria mais para o colégio... Não é?
O velho capataz deu dois últimos chupões à bomba, com esta revirou a erva na cuia e, vagarosamente, enquanto cevava um outro amargo, respondeu-me baixinho, porém muito sério:
- Amiguito! Não diga barbaridades!...
J. Simões Lopes Neto - (Do livro escolar "Terra Gaúcha", no prelo)
Fonte:
MOREIRA, Ângelo Pires. A outra face de J. Simões Lopes Neto : 1. volume. Porto Alegre : Martins Livreiro, 1983. 192p.
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